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Série Plurivalente, 2014-2019

Esta série em pequeno formato parte do processo de gravura e se amplia para outras linguagens, através do conceito de reprodutibilidade em sua potência ressignificadora. O cervo é a figura central destes trabalhos. Ele aparece como símbolo da vida – representa sua unicidade e sua fragilidade; sua força e sua resistência, em um jogo entre ferir e ser ferido. Ao olhar para a violência e sensibilidade não como opostos, mas como parte constituinte de nós, a série propõe uma imersão íntima e silenciosa na complexa contradição e ambiguidade da condição humana. 

Ao mesmo tempo, a relação óbvia entre “cervo” e “viado” revela a dimensão política e minoritária LGBTQIA+ da série. Plurivalente, nessa perspectiva, propõe um olhar sensível para as relações de poder entre o amor e as violência(s) que circundam as existências fora da norma, escancarando delicadamente a resistência - social e íntima - dessas pessoas.

INSTALAÇÕES

Porta de Banheiro, 2015-2016

Instalação, porta de madeira e escultura suspensas na parede e cubo com canetas e goivas, 175x70x20cm

O trabalho propõe que o público interfira na superfície da porta com diversos materiais, durante 30 dias, período da exposição individual PODER.AMAR. (2015-2016).

A instalação remete ao universo do anonimato das mensagens de banheiro público, que revelam segredos anônimos: desejos homoeróticos, preconceitos, ideias, ideologias. A coexistência do caráter privado e púbico (ou, ainda, privacidade e rotatividade) desses espaços dá aos seus usuários liberdade social de expor tais mensagens. Ao trazer esse universo para a galeria, quero pensar sobre o poder do anonimato.

Iminência, 2018

Instalação in situ - sala vazia e escura, luz vermelha rebaixada e central, áudio 3D de gravações de passos sobre madeira

Realizada durante a exposição PLUR|valente, na Casa Baka, a instalação convida o público a vivenciar uma imersão solitária de enclausuramento. Deve ser acessada por uma pessoa do público de cada vez.

Ela é construída a partir de dois estados/momentos: o primeiro é a experiência espacial da espera, que se configura como uma vivência atenta do tempo, do silêncio e da solidão. Sem informações externas que possam situa-los, o público tem como única referência a luz baixa e vermelha, que sugere uma situação de alerta e perigo. O segundo momento traz a concretização da iminência: entre o silêncio, existem áudios randomicamente reproduzidos de passos que começam distantes e vão se aproximando. Constrói-se, assim, a ideia de uma mudança de estado, que pode ser a concretização do perigo ou da salvação. Porém, quando os passos parecem chegar no limite da porta, eles param, e essa promessa de mudança nunca se concretiza como ação.

David Ceccon Expo - 106.jpg

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